A luta contra uma doença que gera preconceitos e a superação de uma série de problemas pessoais e dificuldades financeiras fazem parte da história do lavrador aposentado Carlos Alberto Pereira de Araújo, de 44 anos. Agora as principais adversidades fazem parte do passado, graças ao apoio da Comunidade de Saúde, Desenvolvimento e Educação (Comsaúde). Sediada em Porto Nacional, a instituição tem ajudado milhares de famílias a vencer obstáculos nos seus 46 anos de história.

“Durante vários anos o preconceito foi o pior momento, mas fui deixando ele pra trás”, destaca Araújo. Pai de três filhos, uma menina, de 16 anos, e de gêmeos, de 12 anos, lembra que depois de diagnosticado de tuberculose e problema de coração é que descobriu que tinha hanseníase, ainda em 2006.

O lavrador, que na época trabalhava em uma propriedade rural próxima a Brejinho de Nazaré, foi internado e iniciou tratamento para problemas cardíacos. Ele recorda que se sentia cada vez pior e então resolveu buscar outra opinião médica, em Porto Nacional. Foi aí que seu caminho se cruzou com a Comsaúde. Através dos atendimentos médicos realizados pela entidade, o lavrador foi diagnosticado com hanseníase e iniciou o tratamento. Só que depois de oito meses, por estar se sentindo melhor, achou que já estava curado e interrompeu a medicação. “Pensei que ia morrer”, conta Araújo.

“A doença mudou totalmente a minha vida. Tive que deixar de trabalhar, porque sentia fortes dores, passei por grandes dificuldades financeiras e minha esposa me deixou com as crianças ainda pequenas”, lembra Carlos Alberto, ressaltando que além do tratamento médico, conseguiu através da Comsaúde realizar o sonho da casa própria. “Tive todo tipo de apoio que eu precisei: médico, emocional e financeiro. Nem todos os pais fazem o que eles fizeram por mim. Eles foram a família que eu nunca tive”.

Centrinho

A recuperação de crianças desnutridas também é uma preocupação da Comsaúde. Através do Centro de Educação e Recuperação Nutricional Luzia da Silva, ou Centrinho, como é conhecido pela comunidade, é que dezenas de crianças são atendidas anualmente.

O local funciona como um semi-internato, onde as crianças passam o dia, recebem alimentação balanceada, atendimento médico e participam de atividades educativas e recreativas.

Como os filhos de Carlos Alberto, os quatro primeiros filhos da dona de casa Maria do Carmo Fernandes, de 40 anos, também frequentaram o Centrinho e receberam atendimento em função de um quadro de desnutrição.

Maria do Carmo conta que os meninos entraram para a entidade por volta dos 8 meses de idade e só passaram a se movimentar e ficar em pé depois do atendimento na instituição. “Eu não tinha como manter meus filhos, e o Centrinho foi tudo em nossas vidas. Eu achava que ia perder meus filhos de tão fraquinhos e eles estavam”, lembra. Agora é a vez da caçula da família, Nicole, de 1 ano e 3 meses, passar por lá.

Diferentemente dos quatro irmãos, a luta de Nicole é para vencer a obesidade. “Quando foi para o centrinho, estava bem gordinha e não conseguia brincar, levantar. Agora ela está prestes a andar”, conta Maria do Carmo.

O presidente da Comsaúde, Ibis Alan de Souza, explica que a entidade vem priorizando os menos favorecidos, mas não faz distinção de público. “Compreendemos que a saúde é a capacidade de luta. Procuramos sempre atender com equidade e qualidade todos os usuários,” diz.