Paralisações, suspensão de serviços de saúde, falta de estrutura e de recursos. Em apenas um mês à frente da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Marcos Esner Musafir tem muitos desafios na sua gestão e, em entrevista exclusiva ao Jornal do Tocantins falou sobre as questões mais preocupantes da saúde pública no Tocantins.

De acordo com o secretário, a falta de recursos é um problema que está sendo administrado com a prioridade na aplicação. “Criei um comitê interno, com o colegiado financeiro e o recurso que a secretaria recebe, todos os setores discutem onde será aplicado. Na falta de recurso, é preciso priorizar”, disse Musafir, ressaltando que também lançou um programa de redução de desperdício, com o objetivo de economizar papel, luz, água, e até materiais hospitalares, como fios usados em cirurgias.

Greves

Questionado sobre a greve dos profissionais de enfermagem, o secretário diz compreender o direito deles. Porém pediu: “Eu apelo à compreensão da categoria em sua assembleia, que entenda que as pessoas da população precisam deles. O governo está se esforçando e precisa que eles voltem ao trabalho e as solicitações serão, na medida do possível, atendidas”.

O secretário reforçou que, apesar da greve, o salário de todos os profissionais da saúde está em dia e que a categoria briga por gratificações, mas que parte delas já está paga (insalubridade, adicional noturno, plantão extra). “Não é que o governo não quer atender. É que não há condições econômicas. O Estado tem que arrecadar mais recursos”, afirmou, ressaltando que já os recebeu três vezes.

Musafir informou que as solicitações como reforma do dormitório, readequação das escalas e a melhorias na alimentação já foram providenciadas. “Então atendemos aos pedidos e não voltaram da greve. Várias cirurgias não foram feitas porque eles estão em greve”,apontou.

Motivação

Para motivar os profissionais da saúde, que, de acordo com o secretário, estavam tristes com a atual situação, a gestão elaborou um grupo de transição, em que participam os atuais superintendentes da secretaria e com experts em várias áreas da gestão da saúde. “Quando esse grupo veio ficamos em imersão, ouvindo todas as questões dos atuais superintendentes e dos setores, e começamos a fazer uma avaliação do que tem e do que pode ser adequado com a situação do Tocantins. E esse grupo de transição está trabalhando numa harmonia, numa vontade de acertar, e estimulou a todos”, afirmou.

Musafir também informou que no último sábado uma reunião foi feita para criação de grupos de trabalho para realização do plano de ação que deve ser entregue à Justiça Federal, e outras questões da gestão, como a falta de insumos e abastecimento. “Conseguimos motivar os superintendentes. Falei para eles que precisamos somar forças para vencer porque o desânimo está muito grande.”

Questionado sobre quando os problemas na saúde pública no Estado serão resolvidos, o secretário diz que é muito difícil de responder. “O nosso desejo é o quanto antes, mas a dependência nossa do recurso financeiro é que vai determinar esse tempo. Mas as etapas, os obstáculos, tudo isso estamos tentando vencer, mas tem um tempo”, arrematou.

Perfil

Marcos Musafir é formado em medicina há mais de 30 anos. É ortopedista com especialidade em traumatologia. Foi nomeado no ano de 2014 como secretario de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e assumiu cargo no Tocantins em 27 de janeiro.