Após ser preso por suspeita de abusar duas crianças, o ex-deputado estadual e ex-senador Manoel Alencar Neto, conhecido como Nezinho, foi condenado pela prática de atos libidinosos contra duas meninas, que na época tinham seis anos e nove anos. A informação é do Ministério Público Estadual (MPE).

Conforme o órgão, Nezinho foi condenado a 27 anos de nove meses de reclusão, que devem ser cumpridos em pena fechada, e cinco anos de detenção, que podem ser cumpridas em pena aberta. Ele teve também a prisão preventiva decretada. 

A sentença foi proferida pelo juiz Fábio Costa Gonzaga, da Comarca de Guaraí, que classificou uma das provas, um vídeo feito pela família, como um “espetáculo de horrores” e considerou as imagens uma prova clara das agressões, de acordo com o MPE.

O MPE informou ainda que no vídeo de 20 minutos o condenado é visto praticando graves atos libidinosos contra as crianças. Em certo momento, ele serviu bebida alcoólica às duas. Em um segundo vídeo, a esposa de Nezinho é gravada tentando chegar a um acordo financeiro com os pais das crianças para evitar que eles fizessem a denúncia. 

O condenado está detido na Casa de Prisão Provisória de Guaraí (CPPG), onde o crime aconteceu. Por telefone, o advogado do ex-senador, Ronivan Peixoto de Morais, informou que irá recorrer da decisão. “Na última sexta-feira entramos com pedido de habeas corpus.” Morais frisou ainda que a respeita a sentença do juiz, porém disse ser injusta. “Ele sempre colaborou com a Justiça. Nunca se afastou do município, além de não ter antecedentes criminais”, frisou. 

Condenação 

O MPE informou que a condenação foi baseada em registros de vídeo e nos depoimentos das duas vítimas, dos seus pais, além do irmão das meninas, que tinha 11 anos. Os crimes teriam acontecido entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016. A informação é que a menina mais nova era o alvo de maior frequência. 

Segundo o órgão, os pais das crianças trabalhavam em uma das fazendas do político em Guaraí. Ele se aproveitava dos momentos de ausência dos pais. Durante um dos testemunhos, da vítima de nove anos, ela disse que não contou nada ao pai temendo que ele viesse a perder o emprego, já que Nezinho ameaçava as meninas. 
Já o irmão mais velho contou, em testemunho, que presenciou diversos abusos e que sofreu pressão do condenado para guardar segredo, mas que resolveu contar ao pai. Após saber do caso, o pai comprou um aparelho celular e registrou um dos abusos em vídeos e levou a polícia. 

Prisão 

Nezinho foi preso em janeiro de 2016, durante uma ação da Polícia Federal (PF), chamada Operação Confiar, que integrava as investigações do abuso. Na época, o condenado chegou a conceder uma entrevista ao programa do Fantástico, da Rede Globo, quando disse que se ele não fosse ninguém não passaria no programa. “Querem me incriminar e me julgar pelo que eu represento”, disse na época

Durante o programa o pais das crianças falou por telefone e reclamou da imunidade. “Quem está preso sou eu”, destacou ao programa. A família, após divulgação do caso, foi incluída no Programa Federal de Proteção a Testemunhas. 

Senado

Nezinho Alencar foi suplente no primeiro mandato do senador João Ribeiro (2003-2010) e assumiu o cargo de senador entre maio e setembro de 2005. Também foi deputado estadual constituinte.