A microcefalia é a consequência de outras doenças e pode ter várias causas. De acordo com a pediatra e neonatologista Solange de Freitas Viana, se trata de uma exteriorização de algo que aconteceu ou está acontecendo com a criança e que dentre as causas está a zika, que é uma novidade no meio científico, mas existem outras, como infecções congênitas como a sífilis, toxoplasmose que podem causar a microcefalia. Ou seja, doenças que a mãe tem na gestação que fazem com que a criança nasça com microcefalia e que afetam o sistema nervoso central do bebê. “Na microcefalia, o cérebro da criança não desenvolve como deveria e a cabeça não cresce, então fica com um tamanho e desenvolvimento restrito intraúltero e depois que nasce. Isso porque a quantidade de massa encefálica é reduzida e não só pode ter a redução de massa encefálica como também ter defeitos dentro da cabeça, então vai depender do que está acontecendo lá dentro pra gente saber qual é o tipo de sequela e quais problemas essa criança vai ter no seu desenvolvimento”, explica a pediatra.

Conforme alguns estudos, o cérebro das crianças que tiveram a microcefalia causada pelo vírus da zika continua sendo lesado mesmo após o nascimento. “Não é uma doença que só sequelou, mas o vírus continua causando lesão. Parece que existe a atividade do vírus por mais tempo do que imaginamos”, detalha Solange. 

"Crianças com microcefalia sempre vão ter alguma sequela, então são crianças que precisarão de cuidados especiais sempre”, diz Solange. As sequelas podem ser motoras, psicomotoras, cognitivas. “Tem criança que não vai andar, que não vai falar, que vai ter só atraso motor ou algum atraso cognitivo importante. Então com o tempo vamos saber qual o comprometimento que a criança teve. Nenhuma criança com microcefalia vai ser igual à outra”, completa a especialista.

Além de pediatra, a criança precisa do acompanhamento de um neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, porque precisa de estimulação e avaliação do seu desenvolvimento, como explica Solange.

“Onde ela tiver dificuldade, precisará ser estimulada para se recuperar. Então é um apoio de toda a equipe mesmo e acompanhamento de saúde, porque sabemos que qualquer criança que tem qualquer comprometimento neurológico tem sua imunidade diminuída em relação às outras crianças, então precisam de um cuidado maior”, completa a médica.