A Polícia Federal prendeu ontem dez brasileiros suspeitos de atos simpáticos a terrorismo que poderiam atingir a Olimpíada do Rio, que começa no dia 5. Os dois criadores do grupo já passaram pela polícia e também se converteram ao islamismo no período em que cumpriam pena por homicídio num presídio no Tocantins. O nome da cidade onde está localizado o presídio não foi informado.

A partir de então, passaram a cooptar novos membros. Todos utilizavam pseudônimos e tinham a missão buscar mais integrantes. Os participantes do grupo têm entre 20 e 40 anos e, nas conversas virtuais, chegaram a elencar maneiras de realizar um ataque não só no Rio, mas em países do exterior. 

Além dos 12 que foram alvo de mandados de prisão, a PF investiga um menor de idade e o responsável por uma ONG suspeita de se utilizar de sua atuação educacional para encontrar pessoas dispostas a aderirem aos conceitos extremistas. O diretor da instituição foi conduzido a prestar depoimento.

O grupo, que se autointitulava Defensores da Sharia, se comunicava pela internet e tinha um líder, que convocou os demais a iniciarem uma preparação, com treinamento de artes marciais e de tiro.

Operação 

Ao todo, foram expedidos 33 mandados judiciais, sendo 12 de prisão, nos Estados de Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Dois alvos ainda não tinham sido capturados até a noite de ontem. As forças de segurança vinham monitorando cem pessoas que manifestavam simpatia ao Estado Islâmico no Brasil. Os dez presos compunham os 10% que mais despertaram atenção das forças de segurança.

Um dos presos é Vitor Barbosa Magalhães, morador de Guarulhos. Localizada pela reportagem, a mulher dele, Larissa, disse que o marido se converteu ao islamismo e aprendeu a falar árabe numa viagem ao Egito, em 2012.

"Tenho certeza absoluta que meu marido não é terrorista. Estou com ele há muito tempo e saberia se fosse." Esta foi a primeira ação anti-terrorismo realizada após a aprovação da lei que tipificou crimes dessa natureza.

Embora não haja registros de contatos diretos com terroristas, um dos suspeitos chegou a entrar em contato com empresa de armas para comprar fuzil AK-47, o que acabou não acontecendo. Pelo menos quatro, segundo as investigações, fizeram o juramento de lealdade ao Estado Islâmico por meio de um site que oferece uma gravação do texto que deve ser repetido por quem ingressar na facção.

Amadorismo

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, classificou o grupo como "amador" e disse que os fatos descobertos pela operação não alteram o grau de temor do governo em relação a possíveis investidas de facções extremistas.

"Aparentemente, era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo. Se fosse preparada não tentaria comprar arma pela na internet. E não aumenta em nada o nível de alerta. Já estávamos mapeando essa situação", disse o ministro, que manteve o discurso de que a criminalidade