Mesas vazias e pedidos mais magros são uma realidade cada vez mais frequente nos bares a restaurantes brasileiros. No segundo trimestre de 2015, o faturamento do setor caiu 6,34% em termos nominais (ou seja, sem descontar a inflação) na comparação com os três primeiros meses do ano, e um a cada quatro estabelecimentos já operam no vermelho, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

"No terceiro trimestre, o número de empresas com prejuízo continuou crescendo e deve chegar a um terço", afirma o presidente-executivo da entidade, Paulo Solmucci Júnior. "Muita gente que começou o ano ganhando dinheiro agora está zerada, e a chance de fechar o ano com déficit é grande." Se esse cenário continuar, alerta o executivo, o risco é que muitos empresários decidam fechar as portas, com consequente aumento no número de demissões no setor.

Alta do desemprego, queda na renda das famílias e inflação elevada são alguns dos fatores que pressionam o bolso dos brasileiros, que decidem priorizar despesas essenciais e economizam nas refeições fora de casa. Além disso, há um "fator preventivo", segundo o presidente da Abrasel. "O cliente está empregado, mas está com medo do que vem por aí. Então, ele corta gastos."

Em todo o Brasil, a crise atinge de maneira mais intensa os locais onde o tíquete médio consumido por cliente vai de R$ 30 a R$ 70. Nesses casos, a queda no faturamento chega a 30%. Nos mais caros, o movimento está estável graças a seu público cativo. Já nos estabelecimentos onde o gasto médio é menor que R$ 20, há avanço de até 15%.

"Há um fluxo migratório. O consumidor enfrenta a crise buscando opções mais acessíveis, cortando bebidas, sobremesas e escolhendo pratos e restaurantes mais baratos", analisa Solmucci Jr. Diante do quadro nada favorável, o número de trabalhadores no setor caiu 4,64% entre abril e junho contra o primeiro trimestre deste ano, e a previsão é cortar ainda mais, aponta a Abrasel.

Um sinal favorável, de acordo com a Abrasel, é que 49% dos empresários ouvidos declararam ter investido no segundo trimestre.